Para José Virgínio
Nada me desagrada
Tudo me desagrega.
O céu.
Um tumor.
Um cachorro que não late.
Aceito tudo
Não perco nada
Aos fundos, empilhada
minha coleção de vitórias:
Tonéis da memória
Montes de entulho
Só a vida é paliativa.
COM POEMAS DE SEGUNDA E TRÊS SUCOS GRÁTIS.
Para José Virgínio
Nada me desagrada
Tudo me desagrega.
O céu.
Um tumor.
Um cachorro que não late.
Aceito tudo
Não perco nada
Aos fundos, empilhada
minha coleção de vitórias:
Tonéis da memória
Montes de entulho
Só a vida é paliativa.
Sorocabana
No interior a vida era inteira.
Nada me era alheio, tudo me era entranhas:
e a humanidade entre verduras
passeava de charrete;
ou na cestinha da bicicleta do peixeiro
exalava-se fresca,
cheia de mistérios nas escamas finas.
Minha rua na Parada do Alto começava perpendicular à estrada de ferro sorocabana, em frente a uma indústria têxtil, e terminava no morro onde durante anos fora encenada na semana santa a Paixão de Cristo.
Quando já estavam todos perdidos
e não havia mais rebanhos, nem sonhos
eu pensava na morte da bezerra,
na solidão
e no lamento megalômano de todas as mulas.
Esse post foi publicado lá no blog do poeta-parceiro Willian Delarte. Sem palavras pra dizer quanto ficamos felizes com mais esse presente por assim dizer “intestinal” que o churras tem nos proporcionado. Valeu Willian!
Engoli por esses dias o saboroso e indigesto livro "Churrasco Grego", dos brothers Acauam Oliveira e José Virgínio, e confesso: não me caiu nada bem... (também, sem suco e sem nada na goela!)
Quando vi, já estava obrando versos como esses aí!
(desculpe-me, brow, tive mesmo que dedicar a ti...)
FEIO (ou OVELHA NEGRA)
"ao Acauam Oliveira"
- Roubou a própria Tia,
bateu na Vó por causa de pó,
encoxando a Mãe na pia!
Não deixem de conferir o blog do parceiro: http://williandelarte.blogspot.com/
Recebemos com grande alegria esses versos de Paulo Gircys, compostos após a leitura do Churrasco Grego, após uma experiência empírica algo indigesta…
Valeu camarada.
"Contraponto ao um livro todo" (pois como poeta, sou um ótimo rei-momo)
Li hoje [no trem] muitas páginas
Do livro de dois poetas nada místicos
E ri como quem tem chorado muito.
Procurei ao sair do vagão
Como definir o que havia lido
Encontrei ao sair do mesmo vagão
Uma barraca de Churrasco Grego
De verdade (logo, sujo)
Pedi um e ganhei o suco (vitória)
- mas poderiam ser três.
E não foi minha razão
Que deu o sentido das palavras
Foi meu estômago (fiel escudeiro)
Capaz de definir a porcalhada coletânea
Churrasco Grego: o grito estertorado da gaivota.
Há poesia mais concreta que a da palavra
[que dá e mata a fome?
O jornal Conteúdo Independente, na edição de número 19, outubro de 2011, publicou alguns poemas do Churrasco Grego. Agradecemos muito ao parceiro Willian Dellarte, autor do livro de poemas Sentimento do Fim do Mundo
Livro de poemas de Willian Delarte
O jornal e os poemas podem ser acessados em sua versão on-line:
Confira um dos poemas do Willian:
MEU CORPO DE OGUM
Fogo
Ferro e Fogo
Ferro Pele e Fogo
Faca
Fogo e Faca
Espada Carne e Pá
Aço
Osso e Aço
Bigorna Fogo e Aço
Machado
Enxada e Lâmina
Unha Ar Picareta e Pá
Cabelo
Fio de Aço
Músculo de Fogo
Alavanca Febre e Sangue
Fogo Febre Sangue e Magma
Ar
Ar condicionado
Rua, Rodovia, Trilho e Estrada
Linha da mão sobre a Pele de Fogo forjando a ferro-e-fogo Aviões de Magma e Encruzilhadas de Dentes de Aço
Bigorna
Saliva Lâmina
e Alma amolada