Sorocabana
No interior a vida era inteira.
Nada me era alheio, tudo me era entranhas:
e a humanidade entre verduras
passeava de charrete;
ou na cestinha da bicicleta do peixeiro
exalava-se fresca,
cheia de mistérios nas escamas finas.
Minha rua na Parada do Alto começava perpendicular à estrada de ferro sorocabana, em frente a uma indústria têxtil, e terminava no morro onde durante anos fora encenada na semana santa a Paixão de Cristo.
Quando já estavam todos perdidos
e não havia mais rebanhos, nem sonhos
eu pensava na morte da bezerra,
na solidão
e no lamento megalômano de todas as mulas.
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